A Ética e suas abordagens – A Ética define-se como um conjunto de princípios morais e valores que governam o comportamento de uma pessoa (ética individual) ou grupo (ética grupal), no que se refere ao que é considerado correto ou incorrecto.
De acordo com a intencionalidade de aplicação de decisões éticas considera-se a existência de quatro abordagens principais: a Perspetiva Utilitarista em que as decisões são tomadas com base, não só nos resultados, mas também nas suas consequências e suportadas na oferta do melhor bem para o maior número de pessoas, encorajando a eficiência e a produtividade podem, no entanto ignorar direitos de alguns dos stakeholders; o Modelo da Moral Mínima em que as decisões são tomadas privilegiando o respeito dos direitos e privilégios do indivíduo, tendo como base padrões morais fundamentais; a Teoria dos Contractos Sociais em que as decisões são tomadas com base em factores normativos e empíricos, vindo em resposta ao Modelo da Moral Mínima; e finalmente, a Teoria dos Stakeholders em que estes devem ser tratados como fins e não como meios para a empresa atingir os seus fins e que, numa tentativa de compatibilizar expectativas, se encontra subjacente à maioria das abordagens da responsabilidade social das empresas.
Ética Empresarial: Pode-se definir a Ética Empresarial como o ramo da Ética diretamente ligado às empresas, traduzido na aplicação de um conjunto de princípios e regras que definem o comportamento no mundo dos negócios, definindo o que é ou não aceitável, ou seja, tudo o que concerne à conduta ética das empresas.
Como razões fundamentais para a ética empresarial comportamental, apontam-se a importância da legitimação social; o binómio imagem/marca que é o que passamos para o exterior e o binómio credibilidade/reputação.
Responsabilidade Social: É entendida, de acordo com Marens (2004), como um exercício normativo e encontra-se dependente das expectativas do papel das organizações na sociedade actual. Este termo foi, claramente, assumido pela União Europeia, a partir de 2001 e obrigava a que as empresas tivessem um papel mais activo.
A Responsabilidade Social foi alvo de seis diferentes conceptualizações:
•RSE (empresarial);
•RSC (cooperativa – aparecendo na América Latina);
•RSO (organizações);
•TBL (Triple Bottom Line – People/Profit/Planet);
•Cidadania Empresarial (ligação das pessoas à comunidade)
•Sustentabilidade.
Responsabilidade Social das Empresas (RSE) – Nova Estratégia da UE
A UE apresenta uma nova estratégia para a RSE em oito pontos fundamentais:
1. Deve-se aumentar a visibilidade da Responsabilidade Social das Empresas, bem como a divulgação de boas práticas;
2. Os níveis de confiança nos negócios devem ser alvo de monitorização e constante melhoria;
3. Deve ser melhorada, não só a auto-regulação, mas também a co regulação;
4. Deverá ser alvo de recompensa, por parte do mercado, para quem melhorar a RSE;
5. A divulgação de informações sociais e ambientais das empresas deve ser melhorada;
6. Deverá existir uma melhor integração na educação, formação e investigação, por parte da RSE;
7. A importância das políticas nacionais e infra-nacionais deverá ser enfatizada pela RSE
8. Fazer coincidir as abordagens europeias e globais da RSE.
Praticas Socialmente Responsáveis: As práticas socialmente responsáveis das empresas ou organizações podem ser sistematizadas em seis grupos principais:
•Valores e transparência;
•Público Interno;
•Ambiente;
•Fornecedores;
•Clientes
•Comunidade.
Ou seja, pode-se considerar que as áreas-chave das práticas socialmente responsáveis, são as dos stakeholders sendo constituído por dois grupos: Valores e Transparência e pelo Ambiente.
Actualmente, em Portugal, o tema da Responsabilidade Social está presente cada vez mais no Setor Empresarial, sendo encarado pelos chief executive officer (CEO) como uma opção de gestão estratégica.
Pese embora a necessidade de continuar a aperfeiçoar a reflexão sobre o tema, garantindo que a Responsabilidade Social está relacionada com o negócio e é um alicerce estrutural da ação da organização, nota-se uma grande evolução.
Entidades como o Grupo de Reflexão e Apoio à Cidadania Empresarial (GRACE), têm procurado aprofundar os conceitos e encontrar uma concatenação entre noções recentes como Economia da Partilha e Valor Partilhado, Economia Circular e Capitalismo Consciente.
A mensagem comum é a de que perante recursos escassos, dicotomias sociais acentuadas e cepticismo crescente relativamente às estruturas clássicas da sociedade, importa encontrar soluções que promovam a inclusão social, a rentabilização de recursos comuns e a adopção de uma cultura de transparência e de liderança servidora, que garanta a gestão parcimoniosa dos recursos e o envolvimento das partes interessadas.
Quer seja ao nível interno, quer seja ao nível externo, as empresas devem desenvolver práticas coerentes e integradas que abranjam os quatro pilares – económico, ambiental, social e cultural.
É fundamental que a forma como gerem os seus recursos humanos e a forma como estabelecem relações com a cadeia de valor e com a comunidade, estejam imbuídas de uma visão holística e harmonizada destas vertentes e que atuem de forma consistente e planeada.
A Responsabilidade Social é hoje uma questão de sobrevivência das empresas que reconhecem que devem contribuir para a preservação do ambiente e para o desenvolvimento equitativo da sociedade e que este comportamento ético é, no fundo, a licença para operar.
A intervenção da União Europeia, nomeadamente através da directiva 2014/95/EU sobre reporte de informação não financeira, vem no sentido de promover uma crescente transparência das práticas não financeiras e de valorizar o contributo das empresas, não só tendente ao desenvolvimento económico, mas também social, cultural e ambiental.
Apesar do cepticismo de alguns atores económicos e da insuficiente consciência crítica dos consumidores, a responsabilidade social, hoje assume-se como um activo essencial que se distingue claramente do marketing e que gradualmente será entendido como um factor de diferenciação positiva.
Fonte: DUARTE, Luís F. T. D. – A responsabilidade social das organizações: estudo de caso de entidade do setor não lucrativo: Clube de Campismo de Lisboa [Em linha]. Lisboa: ISCTE-IUL, 2016. Dissertação de mestrado.